Um princípio econômico fundamental preconiza que diante das demandas infinitas e dispondo de recursos limitados, decisões difíceis serão necessárias. Este é o caso da saúde e do direito à saúde. Diante da profusão de novos medicamentos, exames e procedimentos como tomar uma decisão correta em benefício da sociedade como um todo ou de um paciente em particular? Que recursos devem ser excluídos? Dispondo de financiamento limitado, que recursos devem ser selecionados em detrimento dos demais? Estou selecionando com os critérios cientificamente corretos? Em 2016, o produto interno bruto do Brasil atingiu 5,9 trilhões de reais. Os gastos com saúde representam 450,5 bilhões de reais, dos quais 115,5 bilhões são do setor público. No mesmo ano, estima-se que os recursos judiciais mobilizaram cerca de 1 bilhão de reais. Os resultados objetivos do emprego de 7-8% do nosso produto interno bruto foi adequado? Ele está melhorando? Se mudássemos os recursos selecionados os resultados seriam melhores? A destinação incondicional de 1 bilhão de reais promovida por ações judiciais foi racional? Elas direcionaram o financiamento para recursos válidos e eficientes? Mesmo num contexto individual as decisões são muito difíceis. Devo tomar algum remédio para reduzir o colesterol? Este teste de gravidez é confiável? Preciso retirar a vesícula só porque encontraram algumas pedras? Pago um plano de saúde ou vou poupando o valor correspondente? Chegou a hora de parar com este tipo de tratamento? Todas estas questões são objeto de reflexão há muito tempo. Os conceitos econômicos, metodológicos e éticos foram sendo apurados ao longo de anos e hoje podem ser empregados de forma sistematizada, de modo a permitir conclusões objetivas e decisões racionais. Bons estudos devem ter um desenho metodológico consistente e analisados corretamente podem avaliar testes diagnósticos, indicar a eficiência novos tratamentos, estabelecer o valor prognóstico de um exame ou definir quanto de financiamento deve ser destinado a um tipo de cirurgia. Saber analisar a qualidade de estudos publicados e sumarizar o conhecimento deles derivados é um dos pilares da Saúde Baseada em Evidências. Aplicar este conhecimento científico nas decisões econômicas, clínicas e judiciais é fundamental para garantir o princípio ético da equidade. Desenhar novos estudos, de modo que acrescentem de forma convincente novos conhecimentos é uma competência essencial aos novos pesquisadores da saúde e do direito.